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Traficantes de LSD tinham ‘controle de qualidade’; veja quem são os presos

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Rede de tráfico que distribui drogas sintéticas para consumidores da classe alta de Cuiabá é alvo de operação da Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE). Investigações iniciadas em dezembro do ano passado mostram o crescimento desta modalidade de crime em Mato Grosso que tem nas festas, shows e baladas o usuário que paga até R$ 300 por um único comprimido. Por ter um público exigente, a associação criminosa – veja o nome dos presos no final da matéria – possuía um sistema de controle de qualidade, onde os “clientes”, após o consumo, eram consultados e faziam a avaliação da droga, dizendo se era ou não “bad live”, isto é, se produzia o efeito esperado.

 

Dos 8 alvos de mandados de prisões da operação “Doce Amargo”, 7 foram presos e um está foragido. Destes, 4 foram flagrados em posse de drogas sintéticas, cocaína, maconha e petrechos usados para o tráfico. Além das ordens de prisões, foram cumpridas ordens de busca e apreensão.

 

Apontado como o principal distribuidor das drogas sintéticas, que mantém vínculo com os outros membros da associação criminosa, Luiz Fernando Kormann Júnior, o “Bocão”, foi preso na chácara em que reside, no bairro Coophema. Na residência de luxo foram localizados comprimidos de ecstasy, além de produtos anabolizantes.

 

Na academia de propriedade dele, no bairro Parque Cuiabá, alvo de mandado de buscas, nada de irregular foi apreendido, informa a delegada Juliana Chiquito Palhares, titular da DRE e que comandou a operação. Ao todo foram 17 ordens judiciais cumpridas na região metropolitana.

 

Segundo as investigações, os alvos da operação atuavam na venda de drogas como ecstasy (conhecida quimicamente como 3,4-metilenodioximetanfetamina e abreviada por MDMA), LSD, conhecidos popularmente como “bala”, “roda” e “doce”, além de outras substâncias como “loló”, lança-perfume ou clorofórmio.

 

Durante a operação, os policiais aprenderam, pela primeira vez em Mato Grosso, alguns materiais, como a essência de THC, princípio ativo da maconha, inalado por meio de cigarros eletrônicos, informa a delegada.   A investigação começou com a prisão, no dia 1º de dezembro de 2021, de Thiago Massashi, o “Japonês”, membro da associação criminosa que novamente foi alvo de mandado nesta quinta-feira (24). Ele era monitorado por tornozeleria eletrônica. Em dezembro, foi flagrado portando cocaína, arma de fogo, munições, bloqueadores de sinais, entre outros materiais.

 

Com a prisão dele, as investigações se aprofundaram e um novo inquérito policial foi instaurado para apurar crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico. Nas diligências e análises realizadas pela equipe de policiais da DRE, foi possível identificar, até então, mais 7 possíveis traficantes relacionados a drogas sintéticas, todos com algum vínculo com o Japonês.

 

Foi apurado que entre os membros do grupo eram mantidas negociações de compra, venda e troca de drogas sintéticas, sendo que cabia a Kormann Júnior abastecer os demais com o entorpecente.

 

Além deste núcleo, a investigação aponta a existência de uma outra rede de pequenos distribuidores, que fazia a entrega das “balas” aos clientes, de forma bastante cuidadosa, com embalagens padronizadas para consumo individual e, em alguns casos, diretamente em festas e eventos. Estes traficantes também serão investigados.

 

Pix  

O uso do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da academia de Kormann Júnior para recebimento de Pix e pagamento das vendas de drogas coloca ele como membro da associação criminosa em um patamar superior aos demais. A partir da apreensão de celulares, computadores e documentos, a DRE pretende avançar na investigação para chegar à origem das drogas distribuídas por ele, já que em sua grande maioria é produto de importação. O uso da empresa para a lavagem do dinheiro do tráfico também será alvo de investigação.

 

O tráfico da droga sintética avança em Mato Grosso e conta com algumas vantagens sobre o tráfico de cocaína e maconha, pelo fato de não ser detectada por meio de cães farejadores. A delegada Juliana Chiquito Palhares afirma que será necessário um treinamento especializado no Estado para combater esta modalidade de crime, que encontra nas redes sociais a vitrine e meio de aproximar consumidor e traficante. De acordo com a delegada, o mais interessante é que o usuário da droga sintética não se vê como dependente e incentivador do tráfico e nem o vendedor se vê como traficante, pelo fato da droga ser vista apenas como um mecanismo de entretenimento para levar “alegria e prazer” ao consumidor, sem considerar os riscos que oferece.

 

Os alvos presos temporariamente na operação serão interrogados nos autos do inquérito policial e também será analisado todo o material apreendido durante o cumprimento dos mandados. As prisões temporárias têm prazo de 30 dias, podendo ser prorrogadas por igual período ou convertidas em preventiva com base na continuidade das investigações.

 

Veja o nome dos presos:  

Luiz Fernando Kormann Júnior ………………………….o “Bocão”

Ernandes Aparecido de Oliveira …………………………o “Cozinheiro”

Everton Luis Botelho de Miranda ………………………..o “Mirandinha”

Thiago Massashi ………………………………………….o “Japonês”

Rodrigo de Souza Lopes ………………………………….o “Pomada”

Luís Felipe Campos de Amorim Leite ……………………o “Mickey”

Marcelo Henrique Tenuta…………………………………o “Rato”

 

Doce Amargo 

A palavra “Doce” faz referência à forma como as drogas são conhecidas por este mercado consumidor. Já o termo “Amargo” faz alusão à situação dos envolvidos se veem atingidos pela repressão estatal diante de crime repudiado pela sociedade. A operação deflagrada pela DRE contou com o apoio de equipes de 9 unidades da Polícia Civil da região metropolitana e envolveu efetivo de 80 policiais civis, entre delegados e investigadores.

Fonte: Gazeta Digital