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Projeto celebra cultura brasileira e ensina português na República Tcheca

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Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Arquivo Pessoal

O mato-grossense Adriano Ibraim de Souza, 39, mora em Praga, na República Tcheca, há 9 anos. No país cuja população é menor que a cidade de São Paulo, ele se casou, teve dois filhos e em julho deste ano ajudou a criar o “Clubinho Aquarela em Praga”, um projeto que celebra a cultura brasileira e o ensino do português para crianças brasileiras na capital tcheca.

Natural de Barra do Garças (509 km a leste de Cuiabá), Adriano passou boa parte da juventude em Cuiabá. Em 2007, ele passou no curso de economia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), depois de estudar engenharia elétrica por 3 anos e desistir da graduação.

Na faculdade, o barra-garcense sempre teve vontade de ir à Europa e, primeiramente, optou pela Alemanha pelo “desafio” da língua. “Eu queria sair do Brasil pra ir para a Europa. Só que eu queria ir pra algum país que não falasse inglês diretamente, que fosse um desafio para mim, e que não falasse nem italiano, nem espanhol, nem português, e eu não gosto muito de francês. Então, eu decidi que a Alemanha ficaria mais próximo”, explicou.

Com o destino escolhido, Adriano conseguiu o contato da Friedrich Schiller University of Jena, uma universidade localizada na cidade de Jena, na Alemanha. Na mensagem, ele manifestou interesse em estudar por lá, mas recebeu a resposta que deveria ter um acordo com a UFMT para que o intercâmbio acontecesse. Com isso, ele foi fazendo o meio-campo e costurando um contrato. No fim, firmou-se um acordo bilateral onde as universidades poderiam enviar estudantes apenas com o custo de se manter financeiramente no país.

Com o acordo firmado, Adriano embarcou rumo à Alemanha para estudar por lá durante 6 meses. Tudo estava tranquilo. Porém, no último mês do intercâmbio, ele conheceu Lada Lzicarova, natural da República Tcheca, que também estava na Alemanha para estudo. Foi amor à primeira vista e logo os dois começaram a namorar.

Vai e vem

Adriano retornou a Cuiabá para finalizar a graduação. Ele continuou namorando Lada e os dois trocaram viagens para reduzir as distâncias. Em 2013, quando se formou, o mato-grossense decidiu morar na República Tcheca com a então namorada. Ele conseguiu um visto para permanecer no país após comprovar o vínculo com a jovem. Ele ficou dois anos lá, período em que Lada concluiria a graduação.

Em 2015, com Lada formada, o casal decidiu vir para Cuiabá. Ela aprendeu rapidamente o português, mas os dois reavaliaram os planos e, um ano depois, optaram por retornar à República Tcheca. “Vivemos um ano em Cuiabá juntos, mas não gostamos, comparando, assim, aqui e o Brasil”, contou.

Assim, em 2016, o casal retornou à Europa, desta vez por tempo indeterminado. Atualmente, eles vivem em Praga e tiveram dois filhos: Artur, de 5 anos, e Eduard, de 3 anos. Os dois são bilíngues e falam português e tcheco.

Clubinho Aquarela em Praga

Em julho deste ano, para estreitar os laços com o Brasil, Adriano, em conjunto com outras brasileiras, criou o “Clubinho Aquarela em Praga”. O objetivo do projeto é celebrar a cultura brasileira por meio de festas tradicionais e incentivar o ensino de português por meio de leituras. O grupo mantém vivo um pedaço do Brasil na República Tcheca.

O projeto ainda conta com o apoio da Embaixada do Brasil em Praga.

Comparação com o Brasil

Estabelecido em Praga, Adriano não pensa em voltar à cidade natal. Ao GD, ele contou que a República Tcheca oferece uma melhor qualidade de vida em relação ao Brasil.

“A qualidade de vida aqui é muito melhor que no Brasil. O custo de vida em geral é menor, porque tem saúde pública, o transporte é muito bom, e a questão da criminalidade, que é muito pequena”, explicou.

Mas ele não esconde a saudade de algumas coisas. Para Adriano, a variedade e sabor das frutas e o “calor brasileiro” na forma de se relacionar fazem falta.

“As frutas do Brasil são bem melhores que aqui. Eu sinto falta do calor do brasileiro, do mato-grossense. Essa questão da amizade, quando eu vou pra aí, a gente sempre se trata super bem. Aqui cada um vive mais no seu canto, na sua bolha”, relata.

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