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Seduc critica “pactos político-partidários” e não filmará alunos

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Ministro da Educação recuou de imposição, que incluía leitura de frase de campanha de Bolsonaro
Alair Ribeiro/MidiaNews
A secretária estadual de Educação, Marioneide Kliemaschewsk: alunos não serão filmados nas escolas

BRUNA BARBOSA
DA REDAÇÃO
A Secretaria Estadual de Mato Grosso (Seduc) afirmou que a medida encaminhada pelo Ministério da Educação (MEC) – que determinava a filmagem de alunos cantando o hino nacional e lendo o slogan de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PSL) – vai “contra os princípios da democracia e desrespeita a autonomia das escolas”.

A carta às escolas do Brasil foi encaminhada pelo MEC na segunda-feira (25) e gerou polêmica, fazendo com que o ministro da educação, Ricardo Vélez Rodríguez, recuasse da imposição.

Segundo a Seduc, a pasta não chegou a ser informada oficialmente sobre a decisão do MEC, mas já se posiciona contrária à medida.

“Informa que as escolas da rede estadual não vão adotar tal procedimento, pois acredita que ao invés de fazer pactos político-partidários, é importante que se faça pactos pela melhoria da qualidade do ensino e do aprendizado”, diz trecho da nota.

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Informa que as escolas da rede estadual não vão adotar tal procedimento, pois acredita que ao invés de fazer pactos político-partidários, é importante que se faça pactos pela melhoria da qualidade do ensino e do aprendizado
Para a secretaria, “tal ação deveria ser discutida com a comunidade escolar antes de ser adotada”.

Ainda de acordo com a pasta, as escolas estaduais possuem um projeto político pedagógico, que aborda questões relacionadas à ética, cidadania e civismo.

“Cantar o hino nacional é uma prática que faz parte da rotina escolar, principalmente no início do ano letivo durante a acolhida aos alunos, mas isso é feito de forma espontânea e sem imposição alguma”, justificou a Seduc por meio de nota.

Por fim, a Seduc afirmou que nenhum tipo de gravação de vídeos com alunos no ambiente escolar será permitido, bem como a “a leitura de cartas que pregam ideologias político-partidárias”.

Determinação do MEC

O MEC enviou um comunicado aos diretores de escolas públicas e privadas do país pedindo para que filmassem, no primeiro dia da volta às aulas, os alunos cantando o hino nacional e lendo uma carta do ministro da educação, Ricardo Vélez Rodríguez.

O documento, que deveria ser lido pelos alunos durante gravação em vídeo, se encerra com o slogan da campanha eleitoral de Bolsonaro: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.

A orientação da carta era de que o vídeo fosse enviado ao Governo por meio de dois e-mails indicados no final da mesma.

“Prezados diretores, pedimos que, no primeiro dia da volta às aulas, seja lida a carta que segue em anexo nesta mensagem, de autoria do Ministro da Educação, Professor Ricardo Vélez Rodríguez, para professores, alunos e demais funcionários da escola, com todos perfilados diante da bandeira nacional (se houver) e que seja executado o hino nacional”, diz o ministro no início da carta.

“Solicita-se, por último, que um representante da escola filme (pode ser com celular) trechos curtos da leitura da carta e da execução do hino nacional”, determinou o ministro.

Na carta, Veléz ainda escreve: “Brasileiros! Vamos saudar o Brasil dos novos tempos e celebrar a educação responsável e de qualidade a ser desenvolvida na nossa escola pelos professores, em benefício de vocês, alunos, que constituem a nova geração. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos!”.

Recuou

Após a polêmica, Vélez enviou uma nova carta às escolas na terça-feira (26), onde reiterou que a filmagem dos alunos só pode ser feita voluntariamente, além de não ser realizada sem uma autorização do responsável legal do estudante.

O trecho que continha o slogan da campanha de Jair Bolsonaro também foi retirado da carta.

O MEC reconheceu que o uso da frase foi “equivocada”.

Confira abaixo a íntegra da nota da Seduc:

“Em relação à carta enviada pelo Ministério da Educação às escolas do país, a Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso informa que não foi comunicada oficialmente. No entanto, se posiciona contrária a tal ação e informa que as escolas da rede estadual não vão adotar tal procedimento, pois acredita que ao invés de fazer pactos político-partidários, é importante que se faça pactos pela melhoria da qualidade do ensino e do aprendizado.

A Seduc acredita que tal ação deveria ser discutida com a comunidade escolar antes de ser adotada, pois a forma com que está sendo imposta vai contra os princípios da democracia e desrespeita a autonomia das escolas.

Em Mato Grosso, as escolas já trabalham, dentro do projeto político pedagógico, questões relacionadas à ética, cidadania e civismo e cantar o hino nacional é uma prática que faz parte da rotina escolar, principalmente no início do ano letivo durante a acolhida aos alunos, mas isso é feito de forma espontânea e sem imposição alguma.

A Seduc deixa claro que não permitirá a gravação de vídeos com alunos no ambiente escolar e nem mesmo a leitura de cartas que pregam ideologia político-partidárias”.

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