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Universitária faz história ao se formar com beca branca em MT

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Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Reprodução/UFMT

Mais que uma estética, a cor branca representa o início de tudo para as religiões de matriz africana. Diante de todo esse poder simbólico, a graduanda Giovana Spessoto, 23, foi a primeira do estado a colar grau, na segunda-feira (15), usando uma beca branca. Contrastado ao padrão de vestes pretas, o ato, além de histórico, marca também uma conquista política dentro do espaço acadêmico.

Iniciada no candomblé há 2 anos e filha de Oxalá, a graduada em História procurou uma forma de homenagear o orixá e evitar o uso de cores escuras, como preto ou vermelho, que não são utilizadas em sua religião, na data tão especial.

Para conseguir se formar com trajes brancos, Giovana buscou a coordenação do curso, que a orientou a abrir um processo administrativo pelo sistema da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). No documento, ela anexou um trecho da Constituição Federal de 1988, que garante a liberdade religiosa. A agora historiadora também pesquisou outros 3 casos de estudantes que se formaram com a vestimenta branca em outras instituições.

“Em respeito a ele (Oxalá), pela minha ancestralidade e pela iniciação, eu fui atrás para levar representatividade a isso. Tudo bem, se for trabalhar em um local e o uniforme for obrigatoriamente preto, o orixá vai entender. Mas por que não levar isso a um espaço público? Por que não representar minha religião e ancestralidade nesse momento? Quis carregar tudo isso ali em cima daquele palco, naquele momento tão especial”, contou a historiadora ao GD.

A escolha também tem relação com a monografia defendida pela estudante. Em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Giovana argumenta sobre a deficiência do Estado Laico no ensino religioso de escolas públicas.

“O ensino religioso, a princípio, foi moldado pela Igreja católica. Então, há muito tempo não temos essa representatividade na educação. As pessoas não têm como saber o que não conhecem. A educação é a principal ferramenta para desmistificar essa imagem negativa”, acrescenta.

Mais que um ato de resistência, a egressa explica que espera que mais pessoas busquem seu direito de se manifestar religiosamente.

“Quero que, com esse ato político, as pessoas não tenham medo ou vergonha de mostrar sua fé; de representar aquilo que te salva todos os dias, aquilo que cuida de você. É muito comum vermos as pessoas, nesses eventos, carregando um terço. Nós também temos que representar a nossa fé. Assuma quem você é, não abra mão dos seus princípios”, finaliza.

Constituição de 1988
O inciso VI do artigo 5º da Constituição Federal de 1988 garante a liberdade e a igualdade a todas as religiões:

“É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”, diz o trecho.

 

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