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Povos indígenas são contrários a separação do câmpus de Sinop e criação da UFNMT

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Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Divulgação

A Assembleia Geral da Associação Terra Indígena Xingu (ATIX) publicou nota em defesa da permanência do campus de Sinop (500 km ao Norte de Cuiabá) junto à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A proposta de desmembramento foi apresentada em setembro deste ano, para que ele se torne a Universidade Federal do Norte de Mato Grosso (UFNMT). Fato parecido ocorreu com a unidade de Rondonópolis, também foi desmembrado da UFMT.

A mobilização contra a divisão da universidade ganhou apoio na última semana após a ATIX aprovar a elaboração e divulgação de uma nota pública em defesa da multicampia. O documento foi assinado por representantes da Comissão de Educação Escolar Indígena do Território Indígena do Xingu, formada pelas 16 etnias que vivem na região, trazendo o posicionamento histórico dos povos originários de Mato Grosso em defesa da educação pública, gratuita e multicampi, compreendendo que a permanência como UFMT é estratégica para a soberania educacional e para o futuro das comunidades indígenas da região.

O texto alega que o projeto de desmembramento não interessa à população, e destaca os impactos e a gravidade das consequências que seriam impostas, caso a separação ocorra.

“O posicionamento da ATIX e das demais lideranças reforça que o desmembramento não atende aos interesses coletivos da região, tampouco contribui para o fortalecimento de políticas públicas de longo prazo. Ao contrário, segundo as organizações indígenas e acadêmicas, a proposta fragiliza o compromisso do Estado brasileiro com a interiorização da educação superior e coloca em risco iniciativas essenciais para o desenvolvimento social, científico e cultural do Norte de Mato Grosso”, diz determinado trecho da nota.

Para as comunidades indígenas, a defesa da UFMT multicampi está profundamente ligada ao direito de permanecerem ativos na construção do próprio futuro, em especial nas agendas de formação profissional, produção de conhecimento, sustentabilidade territorial e direitos coletivos. A luta pela UFMT integrada em diferentes lugares é também a luta pela continuidade de políticas educacionais que reconhecem e respeitam as especificidades culturais, históricas e territoriais dos povos originários, explicam no documento.

“Nosso posicionamento baseia-se no histórico concreto da UFMT. Há décadas, a universidade tem sido uma aliada na formação de profissionais indígenas e não indígenas, na produção de conhecimento sobre e com nossos povos, e no desenvolvimento de projetos que fortalecem nossas culturas, línguas e direitos territoriais”, afirma outra parte do documento.

Entre as entidades acadêmicas que têm se manifestado sobre o assunto está a Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Ssind), que tem declarado sua preocupação com os impactos da proposta. Para o diretor da entidade, Gustavo Canale, o cenário é extremamente grave.

“Essa carta demonstra a importância da permanência e do fortalecimento do campus da UFMT no município de Sinop. O campus atende uma ampla região composta de importantes municípios como Feliz Natal, Peixoto de Azevedo, União do Sul, Cláudia, Santa Carmem, entre outros. Para além da notória importância do campus para o desenvolvimento de Sinop, também atuamos em assentamentos da agricultura familiar, e em territórios indígenas, como a Terra Indígena do Xingu”, pontuou.

Nos últimos anos, o campus de Sinop consolidou-se como pólo de referência na formação de profissionais para toda a região norte do estado, atendendo desde municípios de base agropecuária até comunidades ribeirinhas, aldeias e assentamentos rurais.

Enquanto a carta coletiva avança em sua construção final, o movimento cresce. A defesa do campus de Sinop como parte indissociável da UFMT multicampi revela não apenas a relevância dessa unidade, mas também a convicção de que projetos educacionais devem servir à sociedade como um todo.

As 16 etnias que vivem na Terra Indígena do Xingu são: Juruna, Waurá, Kaiabi, Yawalapiti, Suyá, Trumai, Aweti, Ikpeng, Kalapalo, Kamaiurá, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukuá, Naruvotu, e Tapayuna.

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