Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: João Vieira
Trabalhadores do teleatendimento de emergência dos canais 190 (Polícia Militar), 193 (Corpo de Bombeiros) e 197 (Disque Denúncia da Polícia Civil) ameaçam paralisar as atividades devido aos recorrentes atrasos nos salários. O pagamento de setembro não foi depositado até esta quarta-feira (10). Uma assembleia está marcada para esta quarta-feira, com a presença dos membros do Sindicato dos Trabalhadores Telefônicos do Estado de Mato Grosso (Sinttel-MT), para deliberar sobre as medidas a serem adotadas.
O GD apurou que os trabalhadores são contratados da empresa ZDAT – Teleatendimento e Serviços, que presta serviços à Secretaria de Segurança Pública do Estado de Mato Grosso (Sesp-MT), para atender as ligações da população e direcionar as ocorrências aos respectivos órgãos ligados ao Centro Integrado de Operação de Segurança Pública do Estado de Mato Grosso – CIOSP/SESP. Anteriormente, a empresa contratada era a DSS, no entanto, em abril deste ano ela perdeu a licitação. A nova vencedora, ZDAT, se encontra em recuperação judicial, assim como a anterior.
Funcionários alegam que, mesmo diante desse cenário, a Sesp homologou o contrato, ainda que a empresa não demonstrasse condições financeiras de arcar com suas obrigações trabalhistas.
“Desde o início da gestão da ZDAT, nós, funcionários, temos sofrido com atrasos recorrentes de salários e benefícios, além do pagamento parcial e irregular do auxílio-alimentação. A situação se agravou este mês, pois ainda não recebemos salário”, diz uma trabalhadora que prefere não se identificar.
Ela cita que os atrasos são constantes desde o começo do contrato com o Estado, mas não houve previdência para regularização. “Permanecemos trabalhando sem salário, sem alimentação e sem qualquer garantia, enquanto a Sesp mantém a empresa contratada, mesmo diante do descumprimento reiterado de obrigações básicas. O salário está atrasado desde o dia 5 deste mês, e todo mês é atraso, alimentação eles pagam como querem, picado”, relata a funcionária.
Conforme consta no Diário Oficial do Estado (Iomat), de 21 de março de 2025, no contrato Nº 005/2025/SESP, o Estado de Mato Grosso, por intermédio da Sesp e a empresa ZDAT celebraram contrato no valor de R$ 8.459.524,32 de 20/03/2025 a 19/03/2027. O termo é assinado pelo secretário adjunto Heverton Mourett de Oliveira e a ZDAT. Ao longo dos meses, aditivos foram feitos mantendo a prestação do serviço.
Atuação dos trabalhadores
Quando um cidadão liga para fazer denúncia pelos números 190 (Polícia Militar), 193 (Corpo de Bombeiros) e 197 (Polícia Civil – Denúncia) o primeiro contato é feito por atendentes
Estes funcionários são responsáveis por registrar a ocorrência, interpretar as informações fornecidas pelo cidadão e redigir o relato no sistema. No caso do Polícia Militar, é feito o registro e a triagem, a ocorrência é encaminhada para análise e despacho interno pelos policiais.
No atendimento do Corpo de Bombeiros, a abrangência é ainda maior, pois são atendidas chamadas de todo o Mato Grosso, e não apenas Cuiabá e Várzea Grande. Já em relação à Polícia Civil, o procedimento também envolve todo o estado. Somente após esse trabalho inicial é que os policiais militares, civis ou bombeiros têm acesso ao registro para dar seguimento à ocorrência.
Atrasos salariais
No dia 8 de setembro o Ciosp emitiu nota aos trabalhadores informando que a empresa ZDAT foi notificada pelo atraso no pagamento de salário e vale-alimentação que deveriam ser quitados até o dia 5. “Informamos ainda que mensalmente esta fiscalização tem cobrado uma posição da empresa quantos aos reincidentes atrasos, o que gerou o primeiro processo em que fora enviado o relatório trimestral da execução contratual, com todas as notificações, que está na fase de cálculo da multa por irregularidade contratual”. Quem assina a nota é sub-tenente da PM Haellem, fiscal do contrato 05/2025.
O GD entrou em contato com o Sindicato dos Trabalhadores Telefônicos do Estado de Mato Grosso (Sinttel-MT) e foi informado que a empresa ZDAT “está descumprindo a convenção coletiva de trabalho, onde não está fazendo o pagamento dos salários e benefícios no prazo previsto”. Além disso, é dito os encargos sociais e mensalidades sindicais não são honrados.
O sindicato informou ainda que foi realizada uma reunião dia 24 de julho deste ano, com a participação dos representantes da empresa, representantes do CIOSP e trabalhador. Na ocasião, a terceirizada se comprometeu em sanar todas as pendências no mês de agosto e garantiu que não ocorreriam mais atrasos, porém os problemas persistem até o momento.
“Diante dessa situação, cabe ao sindicato tomar as providências cabíveis na Legislação Trabalhista, bem como o Instrumento Coletivo de Trabalho”, acrescenta.
O GD procurou a ZDAT para um posicionamento oficial mas não conseguiu manter contato. Espaço segue aberto para manifestações.
A reportagem também procurou a Sesp, mas até a publicação desta reportagem não obteve retorno.
