Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: JOÃO VIEIRA
Pacientes que dependem da farmácia de alto custo em Mato Grosso enfrentam dificuldades para dar continuidade aos tratamentos devido à recorrente falta de medicamentos essenciais para doenças graves como câncer, diabetes, pressão alta, psoríase, asma, além de outras patologias. Relatos apontam que além da ausência de remédios, não há previsão oficial para regularizar o fornecimento.
A reportagem de A Gazeta acompanhou, na manhã desta segunda-feira (01), a luta de pacientes que foram à farmácia em busca de medicamentos, mas que voltaram para casa de mãos vazias. Sem condições financeiras para comprar a medicação que precisa, a idosa Maria da Conceição de Sousa, 73, enfrenta quadro agravado de psoríase devido à irregularidade no tratamento. Ela utiliza Risanquizumabe 90mg injetável, a cada três meses, medicamento avaliado em cerca de R$ 30 mil, que está em falta há três meses na farmácia de alto custo.
“Minha cabeça e minhas unhas estão cheias de feridas da psoríase. Espalhou pelo corpo e sinto muitas dores e coceira”. Ela revela que ligou na sexta-feira (29), mas não atenderam. “Então, resolvi pegar o ônibus cedo e vir pessoalmente, porém o remédio continua em falta”. Ela conta que há três anos faz uso para o tratamento e que o fornecimento é sempre irregular.
A situação também afeta pacientes oncológicos. Rozinei Kopsel, 51, moradora de Colíder (650 km ao norte), viajou às pressas até a capital ao ser informada de que sua medicação havia chegado, depois de ficar sem o medicamento devido à interrupção no fornecimento. Ela faz uso de Pembrolizumabe 25mg/ ml, solução injetável que custa mais de R$ 27 mil.
“Recorri à Defensoria Pública para conseguir, pois há 3 meses tive que parar com meu tratamento devido à ausência do remédio. Nesse tempo, fiquei com muito medo de piorar do câncer. Ainda mais agora, que já perdi os movimentos do braço esquerdo”.
Segundo Rozinei, ela chegou de madrugada, foi para uma casa de apoio descansar e esperou até a abertura da farmácia para retirar a medicação. “Tenho um melanoma que se espalhou para as costelas e braço, e ele pode espalhar para os órgãos se não tratar corretamente”. Conta que depende de duas caixas por mês, com aplicações a cada 20 dias, no Hospital de Câncer (HCan).