Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Luiz Leite
Dias após o vídeo no qual aparece questionando cálculo a alunos de escola estadual e expondo erro, o prefeito Abilio Brunini (PL) voltou a criticar a qualidade de ensino brasileiro. Em entrevista na Câmara de Vereadores, na manhã desta terça-feira (19), ele afirmou que o ensino superior nas universidades públicas também é precário, assim como os demais níveis. Aos jornalistas, ele disse que “a faculdade pública no nosso estado, por exemplo, seja uma bosta, como a UFMT tem sido”.
A afirmação repercutiu negativamente, tanto pelo conteúdo quando pelas palavras escolhidas para descrever sua avaliação quanto ao ensino na Universidade Federal e Mato Grosso (UFMT), fundada ainda na década de 1970 e que oferta cursos de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado de forma gratuita aos acadêmicos. É da instituição a professora doutora Maria Inês da Silva Barbosa, interpelada em sua fala e constrangida por utilizar pronome neutro ao cumprimentar o público durante evento da saúde promovido pela Prefeitura de Cuiabá.
Nesta terça, o prefeito voltou a destacar como a educação vai mal no país e que é inadmissível um aluno do ensino fundamental não saber operações básicas de matemática e o português correto. Na última semana, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) anunciou que irá reforçar o ensino nestas áreas.
“A nossa educação no nível estado e município está de péssima qualidade. E muita das vezes alguém vai falar: ‘mas, nós estamos em oitavo lugar no nível Brasil’. Você vê como o Brasil tá ruim também”, declarou.
Mais adiante em sua argumentação, ele criticou o governador Mauro Mendes (União), de quem é aliado, por enaltecer o oitavo lugar entre os estados brasileiros.
“Não tem do que se vangloriar […]. Isso mostra que a política Paulo Freire não funcionou. Então precisamos repensar qual é a política adequada. Nós temos que voltar ao básico”, avaliou.
Subindo o nível da escolaridade e de críticas, ele criticou a falta de condições para o estudante acessar a rede pública e tenha que pagar o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Alega alunos que de escola pública acabam se inscrevendo em faculdades particulares e algumas de Ensino à Distância (EAD) onde o ensino ofertado não é adequado para formar bons profissionais.
Em contrapartida, estudantes com mais dinheiro conseguem passar no seletivo para instituições públicas.
“O que a gente vê hoje é as crianças de escola pública tendo que pagar parcelamento de Fies em escolas privadas e muitas vezes por EAD e baixa qualidade. E enquanto aqueles que estudam em escolas privadas, que fazem cursinhos pré-vestibulares e tudo mais, eles entram nas faculdades públicas e eles vão lá ter acesso a uma outra educação diferenciada. Mesmo que a escola pública, a faculdade pública no nosso estado, por exemplo, seja uma bosta, como a UFMT tem sido”, disparou.
Para mudar este cenário, o prefeito afirmou que Cuiabá e o Estado estão numa parceria a fim de buscar estratégias para melhora a qualidade do ensino ofertado na rede pública.
O prefeito Abilio é formado em arquitetura pela Universidade de Cuiabá (Unic). A vice, Vânia Rosa cursou Segurança Pública pela UFMT. O governador Mauro Mendes (União) formou-se engenheiro na federal de Mato Grosso.
Outro lado
A reportagem procurou a UFMT, mas não obteve resposta sobre a fala do prefeito até a publicação da matéria.