Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: João Vieira
O Conselho Permanente de Justiça da 11ª Vara Criminal Especializada de Justiça Militar de Cuiabá, por maioria, votou pela revogação parcial das cautelares impostas aos policiais militares 2º sargento Jorge Rodrigo Martins, 3º sargento Leandro Cardoso, 3º sargento Wailson Alesandro Medeiros Ramos e soldado Wekcerlley Benevides de Oliveira. A decisão ocorreu em audiência nesta terça-feira (12).
A determinação permite que os réus retornem ao serviço militar com o respectivo porte de arma, além da retirada da tornozeleira eletrônica. Contudo, ainda permanecem as cautelas de proibição de manter contato com vítima e familiares, bem como testemunhas do processo. O grupo é acusado de forjar confronto para dissimular a origem da arma usada no assassinato do advogado Renato Nery.
No ato, votaram os juízes militares PM Thiago Ribeiro de Melo, major Juliano Schmitz Estevão Rebêlo, tenente-coronel PM Marion Silva Metello e a tenente PM Eveline Wayda de Araujo Oliveira.
Após indagado, o representante do Ministério Público Estadual (MPMT) insistiu na oitiva de uma testemunha e requereu prazo para informar o endereço atualizado das pessoas não localizadas, sendo o requerimento devidamente acolhido pelo Juízo.
Ao final, foi designada sessão de instrução de continuação do ato para o dia 1º de setembro de 2025, às 14h. Foi aberto prazo ao Ministério Público para que em 10 dias faça manifestação acerca de indicar o endereço atualizado das testemunhas citadas.
“Confiamos na Justiça e logo tudo será elucidado. A decisão de hoje é fruto da equipe jurídica da ACS, que se empenha na defesa de nossos associados”, declarou o presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros (ACS-MT), Laudicério Machado, que oferta advogado para a defesa do soldado Wekcerlley Benevides de Oliveira.
Recentemente, em 24 de julho, o comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso (PMMT), Cláudio Fernando Carneiro Tinoco, determinou o afastamento cautelar das funções dos 4 policiais militares. Os 4 estão envolvidos no caso que ficou conhecido como “Grupo do Gol Branco”, em que a arma utilizada no homicídio do advogado Renato Nery foi inserida em um suposto confronto com criminosos.
Portaria publicada em Diário Oficial teve base na decisão cautelar da 11ª Vara Criminal, no qual determinou, entre outras medidas cautelares, a suspensão do exercício da função pública e retirada do porte de armas dos 4.
Conforme noticiou o GD, os 4 militares chegaram a ficar presos preventivamente, no entanto, foram colocados em liberdade após decisão do juiz Francisco Ney Gaíva, da 14ª Vara Criminal de Cuiabá. O grupo é acusado de forjar suposto confronto policial para “plantar” a arma glock utilizada no assassinato do advogado Renato Gomes Nery, morto em 5 de julho de 2024.
O confronto ocorreu em 12 de julho do mesmo ano, após uma denúncia de roubo de um veículo gol de cor branca. Na ocasião teria ocorrido troca de tiros que resultou na morte de Walteir Lima Cabral e tentativa contra outros dois suspeitos.
O caso ficou conhecido como “Grupo do Gol Branco”, em alusão a grupo de WhatsApp em que os 4 discutiam combinação de versões, preocupação com divergências de depoimentos e indício de obstrução da justiça, algo revelado após perícia em celulares.
Através de laudo pericial balístico ficou demonstrado que a pistola Glock modelo G17, calibre 9mm foi a mesma utilizada para executar Renato. Segundo o MP, os elementos probatórios reunidos demonstram que não houve confronto real, mas sim uma “execução deliberada seguida de inovação artificiosa da cena do crime”.