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Terreiros celebram agosto com festa dedicada à saúde e prosperidade

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31 dias, sem feriado e com o tempo muito seco. Essas características costumam tornar o mês de agosto um dos menos queridos pelas pessoas. Contudo, dentro das comunidades de candomblé, esses atributos são quase que deixados de lado pelo fato desta ser uma das épocas mais aguardadas do ano por conta do Olubajé, festa que celebra a vida e a saúde.

Além da profusão de cores, danças e aromas que geralmente encantam os visitantes de primeira viagem em festividades de casas de axé, o Olubajé também conta com uma dimensão religiosa que pode escapar ao olhar de quem nunca teve contato com a festa.

À reportagem, o babalorixá Bosco Ty Xangô, que também é mestre em História, contou que a festividade é uma grande celebração ao orixá Omolu, cujo um dos títulos é o de Senhor e Rei da Terra.

Por conta disso, a festa, ao mesmo tempo em que representa um agradecimento, também é um pedido para que esta deidade sempre continue a prover saúde, seja física ou mental, àqueles que festejam.

“Em um tempo em que se fala tanto em crises de ansiedade, depressões e grandes tristezas, na minha concepção é babá Omolu que nos guarda, nos protege e nos acalenta apaziguando as nossas mazelas e tristezas. É a ele que devemos recorrer para nos guardar e livrar das melancolias em que muitas vezes somos acometidos”, disse o babalorixá.

“Decorre desses pormenores sua importância na cerimônia sagrada denominada Olubajé. Nesse momento temos a oportunidade de oferendar as comidas sagradas de todos os orixás em agradecimento à saúde do corpo físico e espiritual. Por isso, Olubajé significa o ‘Grande Banquete do Rei'”, acrescentou.

Conforme explica o sacerdote, no candomblé nada se faz sozinho. E, por conta disso, a festa celebra não somente a Omolu, mas a toda família Igi, que inclui também a matriarca Nanã, Ossain, Oxumaré e Yewá.

O babalorixá aponta que a comida é um dos elementos materiais que também consagra o culto, uma vez que representa a partilha e demonstra a prosperidade. Desta forma, a mesa farta durante o Olubajé é tanto um convite à comunhão quanto um agradecimento pela fartura.

“Os alimentos servidos no Olubajé têm o significado de confraternização e agradecimentos pelo dom da vida e da saúde, da fartura e da alegria de compartilhar com o todos os presentes na cerimônia as comidas preferidas dos orixás, bem como agradar o dono da festa, que é babá Omolu”, afirmou.

O sacerdote finalizou apontando que assim como as demais festas no ilê – como são conhecidas as comunidades de axé -, o Olubajé é um dos momentos em que as casas se abrem para que os visitantes possam abraças as divindades e, também, desmistificar preconceitos externos.

Fonte: Gazeta Digital